Frases

14 de out. de 2011

O leigo na espiritualidade medieval



"Expandiu-se no século XI, entre os fiéis, o costume de solicitar o hábito religioso por ocasião de uma doença grave.

O cronista monástico Orderic Vital nos dá o belo (?) exemplo de Ansolde de Maule, ex-companheiro de armas de Robert Guiscard. Depois de 50 anos de cavalaria, sentindo a morte chegar, dirigiu-se à sua mulher nestes termos: 
'Graciosa irmã e amável esposa Odeline: durante mais de 20 anos, a graça divina nos permitiu viver um com o outro. Eis que chego ao meu fim. Queira eu ou não, estou indo para a morte. Aceita o me desejo de fazer-me monge, de renunciar às pomposas vestimentas do século para revestir o hábito negro do santo pai Bento. Minha dama, liberta-me, eu te peço, das minhas obrigações conjugais, para que livre do fardo das coisas mundanas. eu mereça a honra de receber o hábito e a tonsura monástica.' Com consentimento da esposa, ele pôde realizar seu desejo e foi imediatamente revestido do hábito. Três dias depois, morreu e 'foi enterrado com o Cristo para ressuscitar com ele'.
O fato de morrer com o hábito garantia, efetivamente, uma participação plena e integral nos sufrágios, preces e méritos dos religiosos, com a única condição de renunciar ao casamento e despojar-se das 'honras' e dos bens. Para um leigo, o caminho da salvação passava pela tríplice recusa do poder, do sexo e do dinheiro, o que é a própria negação do seu estado."

VAUCHEZ, André. A espiritualidade na Idade Média Ocidental. 1995.

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