Frases

27 de set. de 2011

Novos Céus e Nova Terra


As profecias joanina contidas no livro de apocalipse, no capítulo 21 especificamente, são profundamente importantes para a compreensão da vida cristã. Por ser um texto escrito na ótica apocalíptica, é um texto que aponta para um determinado tempo e espaço vindouro, que segundo alguns se dará apenas no "fechar das cortinas" da história.

No 11º capítulo do profeta Isaías vemos um lampejo deste momento, onde o Espírito do Senhor trará paz e "o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará, e o bezerro, e o filho de leão e o animal cevado andarão juntos [...] A criança de peito brincará junto à toca da víbora, e o menino desmamado meterá a mão na caverna da áspide". O Espírito fará isso pela ação do "Ramo de Jessé", Jesus Cristo de Nazaré. E isso acontecerá quando a Glória do Senhor encher toda a terra (vv. 10).

No entanto, o capítulo 6 nos diz: "E proclamavam [os serafins] uns aos outros: "Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos, a terra inteira está cheia da sua glória". Sim, a terra cheia de Sua glória está. A presença de Deus enche a terra com sua majestade, e embora Isaías O visse "elevado", as "franjas de Suas vestes enchiam o Templo". É Deus tocando na terra.

Em Cristo, Deus desce por completo até a terra. As suas vestes que antes enchiam o Templo, agora estão acessíveis á todos (Marcos 5.30). E isso já havia sido anunciado pelo profeta Zacarias: "Eis o que diz o Senhor dos exércitos: naquele dia dez homens de todas as línguas das nações tomarão um judeu pela orla de seu manto, e dirão: queremos ir convosco, porque soubemos que Deus está convosco" (8.23). Como diz N. T. Wright é a "transposição de duas realidades distintas e concomitantes", que acontece com a encarnação do Filho.

E o que isso tem haver com o capítulo 21 de Apocalipse? Tudo. Ele veio restaurar o que havia se perdido. Veio corrigir as más interpretações da Sua vontade, com palavras ("eu porém vos digo") e com atitudes ("nem eu te condeno; vai-te, e não peques mais"). Veio inaugurar o Seu reino e confiá-lo a nós ("E eu lhes confio um Reino, assim como meu Pai o confiou a mim" - Lucas 22:29). É a este reino de Glória que os anjos da visão de Isaías clama. É a grandeza do Pai revelado no Filho e que perpetua no Espírito, que faz com que o texto referido de Apocalipse se cumpra.

Muitos estão esperando que o "Céu" seja um lugar para onde devemos ir um dia de forma migratória na parúsia do Senhor Jesus. Nas palavras de Ed René Kivitz, "Se céu significa vida em outro mundo, então o nome da coisa não é redenção, é substituição". Jesus veio nos informar que uma nova perspectiva de vida era possível e tangível nesta terra. Talvez você sinta-se confortável com esta reflexão, mas não será a primeira pessoa a sentir-se assim. Veja:
"E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o reino de Deus, respondeu-lhes, e disse: O reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre vós." Lucas 17.20-21
O reino de Deus é o Céu na terra. Não "Céu" enquanto espaço físico. Para N. T. Wright,
"a palavra 'céu' [...] tem esse significado não porque nas antigas tradições cristãs ele era visto como o destino final dos remidos, mas por indicar o lugar onde Deus sempre está, de modo que a promessa de 'ir para o céu' implica 'estar com Deus no lugar onde ele está'. Assim, o 'céu' não é apenas uma realidade futura, mas presente." - Simplesmente Cristão, p. 73.
Talvez você esteja se perguntando o que tudo isso têm haver com o vigésimo primeiro capítulo do livro de Revelações. Vamos ao texto:
"E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido." Apocalipse 21.2
Não somos nós quem subimos. É Deus quem "desce" em Cristo, "permanece" no Espírito e redime o mundo com a "descida do céu". A Glória de Deus já é presente nesta terra e é acessível a todos os seres humanos. O reino que Jesus inaugurou e confiou a nós está sendo implantado a duras penas, ainda que uma ou outra perspectiva escatológica aponte para o fim deste mundo. O reino avança através dos filhos que ouvem a voz de Deus seguem espalhando sementes de amor, que são as Boas Novas, aos quatro cantos da terra, para que venha o fim. E quando vier este fim,
"E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas." Apocalipse 21.4

2 comentários:

  1. Olha. essa é uma questão complicada...rsrsrs

    Será que haverá arrebatamento, depois mil anos com a prisão do diabo e depois o juízo final?

    Ou será como diz a Igreja Católica somente a parusia, onde a criação será renovada e o paraíso será aqui mesmo?

    Eu sinceramente consigo acreditar nas duas realidades e não consigo me convencer de que uma delas é a correta

    Uma coisa é certa. Ele fará novas todas as coisas. E no fim, com a graça e misericordia de Deus estaremos lá...rsrs

    ResponderExcluir
  2. Olá Luciano.

    Reconheço a complexidade desta questão. E como sabemos ela nunca é explicada de forma simplista ou explanada, sem desagradar a alguém.

    Creio que a perspectiva acima serve como agente motivador para uma vivência terrena do cristianismo. É claro que existem lacuna á serem preenchidas, mas isso é assunto para outra postagem, rs.

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...