Era uma fria tarde de inverno quando um rebelde rebanho de ovelhas afastou-se de seu Pastor. Tarde da noite, densas nuvens ocultaram a lua cheia. O vento assobiava alto, levantando poeira e aumentando a tensão do rebanho perdido.
As ovelhas entreolharam-se procurando o culpado e acusavam-se com seus olhares. Começaram a se odiar e com o passar dos minutos foram formando grupos e se dividiram mais e mais. Minutos depois já não se falavam e tão pouco queriam passar a noite juntas.
Como se já não estivessem passando por problemas demais, o uivo dos lobos anunciava que o inimigo estava próximo. O terror e a aflição faziam com que os, agora grupos, suassem friamente, embora a noite já estivesse demasiadamente fria.
Os uivos foram intensificando minuto após minuto. "O que fazer? Onde está nosso Pastor? E o seus Cães que nos protegem? Estamos longe demais para nos ouvirem... Estaria o Pastor morto? Existe um Pastor?" - diziam em seus corações ovinos.
As densas nuvens converteram-se em uma espessa chuva. Com frio, molhadas até os ossos e ouvindo o estridente uivo de uma matilha de lobos que se aproximava, as rebeldes ovelhas viram os arbustos mexerem: "Algo está saindo dali!". Sentiram sua lã arrepiar. Era o fim.
Saia do meio dos arbustos um jovem Cordeiro, com a lã mais branca a qual jamais fora vista antes. Nem mesmo as mais velhas ovelhas haviam presenciado um cordeiro dotado de uma lã tão alva. "Seria este mais um rebelde que decidiu-se afastar do Pastor de Ovelhas?" - indagavam-se em silêncio, pois não ousavam berrar.
Não tiveram muito tempo para apreciar aquele jovem Cordeiro, pois o relampejar da chuva iluminava a matilha de lobos que vinha da escuridão. Eram muitos! E como eram grandes!
Suavemente o jovem Cordeiro passou pelo rebanho e foi em direção da matilha de lobos. Sua expressão era de serenidade ímpar. Boquiabertas, elas não podiam crer que aquele jovem Cordeiro estava indo em direção ao inimigo. Enquanto o Cordeiro passava pelo rebanho as ovelhas sentiam-se encorajadas e com as forças revigoradas.
Quando o Cordeiro já estava além do rebanho e bem próximo do rebanho, olhou para trás e deu um sorriso. E como que ordenando, berrou em alto e bom som. Ao ouvirem o berro, correram as ovelhas que agora iam juntas.
O jovem Cordeiro, então, avançou lentamente em direção de seus algozes. E com uma expressão de satisfação entregou-se para que o rebanho pudesse se salvar. A noite ficou ainda mais escura, se é que fosse possível. Os animais que de longe viam tudo começaram a gritar em sua própria língua. O Cordeiro estava morto.
Ainda correndo, o sentimento do rebanho, que a esta altura já estava salvo, era de tristeza. O jovem Cordeiro se entregou por todas as ovelhas. Com lágrimas nos olhos, viram que o Sol nascia no horizonte e notaram que estavam indo em direção ao seu Pastor.
Ao chegarem diante do Pastor, pasmas ficaram ao fitar os olhos daquele homem. Havia nelas o mesmo brilho que estavam nos olhos do jovem Cordeiro. E dos seus lábios brotava o mesmo sorriso. Arrependidas e decididas concordaram em nunca mais sair de perto do seu Pastor.
"Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas." João 10.11
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