Fazendo o meu devocional pela manhã me deparei com um texto que exprime muito bem o “espírito” de nossa época. Li o texto de Lucas 9. Aproveitei para ler algumas partes em grego, para desenferrujar. E cheguei a conclusão de que Jesus é um cara muito "do contra". Veja só:
O capítulo começa com Jesus comissionando os Doze discípulos a irem anunciar a chegada do Reino de Deus. O Senhor lhes deu poder e autoridade sobre todos os demônios (vv. 1). E lá se foram expulsando demônios e curando enfermos. O reino agora estava visível a todos.
Eles voltaram extasiados. Haviam feito coisas maravilhosas, através do Espírito (vv. 10a). Imagino que diziam algo assim: “Expulsei um demônio que tinha dez chifres. Não, tinha dezoito chifres. Para ser sincero, dezoito só na metade da frente, os de trás da orelha nem deu tempo para contar...”; “E eu? Eu curei aleijado que há cinco anos não andava. Ou eram vinte?...”. Quanto maior o milagre mais impressiona a platéia.
Jesus vendo que uma multidão os cercava saiu com os Doze para o deserto (vv 10b). Ele não gostava dos holofotes. Mas o povo o seguiu. Milagres e milagreiros são um sucesso não é de hoje. No entanto, quando o povo teve fome os Doze incentivaram Jesus a mandarem eles embora (vv. 12). O negócio dos Doze era salvar “almas” e não “vidas”. Algo comum hoje em dia.
Mesmo assim Jesus lhes deu a chance de fazer algo, dizendo que alimentassem o povo (vv. 13). Eles disseram que tinham pouco, apenas cinco pães e dois peixes, talvez não desse nem para eles mesmos. E o Senhor lhes mostrou que não existe alguém tão pobre que não possa fazer algo pelas pessoas. Que não existe alguém que tenha tão pouco que não possa alimentar o próximo. Sobrou comida. A mesa dEle é farta.
Pedro lhe respondeu, ao ser indagado sobre a pessoa de Jesus, que Ele era o Cristo (vv. 18-20). De barriga cheia foi fácil dizer isso. Mas quando a barriga estava vazia, um tempo depois, foi fácil negá-lO também.
Ao Cristo todos deviam seguir. E Jesus, após a confissão de Pedro, disse que não seria fácil: cada um deveria sofrer a sua porção para que fizesse parte do Reino; que deveria até mesmo perder sua própria vida por esse Reino; e que o dia que as Palavras dEle não fizessem sentido, não deveria se envergonhar (vv. 23-27).
Não fez sentido algum, um tempo depois (oito dias), Deus negar que fosse erguido um altar para adoração de Jesus, Moisés e Elias no alto do monte. Como assim? Jacó ergueu um altar (cf. Gn 28.18) em um “ponto de contato”, por que nós não podemos? Mas a voz de Deus mandando com que ouvissem ao Filho calou os precipitados discípulos (vv. 35). Era o recado: não olhem para a Lei (Moisés), ou para os profetas (Elias) e sim para Jesus. Tudo (Lei e profetas) estava apontando para Ele.
Ainda desconcertados, os discípulos foram testados e se deram mal com um demônio mais folgado. Jesus o chamou de incrédulos (vv. 41). Em seguida mais problema: Jesus falou que seria entregue aos homens. Como assim? O Cristo veio para reinar, ser rei de Israel, como Davi e não perder uma batalha e ser entregue nas mãos de homens... Deixaram para lá. Talvez fosse o sol quente que tivesse levado Ele a dizer isso. Tinham coisas mais importantes para pensarem.
E o que lhes importava logo veio à tona: quem de nós é o maioral (vv. 46)? Jesus, o “do contra”, carrega uma criança e lhes mostra qual era o caminho para atingir a grandeza: a simplicidade e humildade de uma criança (vv. 48). As coisas estavam piorando para eles. O Mestre agora estava dizendo que aqueles que não podiam dizer nada a um adulto, a não ser em seu Bar Miztvah, era maior que eles?
Eles perderam o chão. Sabe aquela máxima “macaco quando não pode comer da bananeira, fala que está podre”? Então, os caras começaram a criticar quem estava ganhando espaço e reconhecimento sem estar na Escola de Teologia de Jesus de Nazaré (formação em três anos, uau!)(vv. 49). Tiveram medo que ele “furasse a fila” e assentasse a direita de Jesus na hora que o Senhor estivesse reinando. Ele os repreendeu. Só para “variar”.
Agora sim eles iriam dar prova de que fizeram “escola” para os líderes religiosos do Brasil. Após os samaritanos não o receberem em suas casas, dois “filhos do trovão”, disseram: “Senhor, quer que [nós] mandemos que desça fogo do céu e os consuma, assim como fez Elias?” (vv. 54). Assim nasciam os crentes que aprovam a pena de morte. Dias depois Jesus conta uma parábola contando a história de um samaritano que era mais humano que sacerdotes e levitas. "Do contra" detected!
Jesus lhes repreende dizendo, segundo minha tradução do original: “Mudai o vosso julgamento!” (vv. 55). Ele veio para salvar e não para destruir (como crêem os dispensacionalistas). Isso eles não haviam entendido desde que Jesus ao ler Isaías 61 (cf. Lc 4.18, 19), excluiu o Dia da Vingança de Deus. Por quê? Não era a hora do Juízo. Ele ainda vai vir. Mas não como alguns andam dizendo por aí ao segurarem microfones.
Outros pelo caminho quiseram seguí-lO (vv. 57-62). No entanto, ele jamais escondeu que segui-lO implicava em passar por situações adversas, onde não ter onde dormir seria algo como. E que também não deveriam voltar atrás após decidirem pelo Reino. Algo que não é muito dito nos dias hoje. Acho que é porque não faz sucesso. Não faz a audiência do programa de rádio ou televisão subir. Não faz com que encha (ou inche) a igreja. É... Ele realmente é do contra.
Fino d+ cara, muito bom !!
ResponderExcluirJesus realmente era do contra, ele não se importava com holofotes, não queria agradar ninguém, também porque a verdade corta e rasga o coração e isso não agrada ninguém, a verdade é dura, carregar a cruz não é fácil e as pessoas querem receber "benção" né cara?? mas não querem ter um compromisso e um relacionamento vivo com Cristo
pena que elas não sabem todas as vantagens de ter esse relacionamento com Cristo e todas as desvantagens de não ter, talvez até saibam, mas ignoram isto !!! que Deus tenha misericórdia de nós !
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