Frases

26 de dez. de 2011

Aos críticos do Natal


Observando alguns blogs cristãos, fiquei muito chateado ao notar que muitos deles fizeram menção negativa á cerca da comemoração do Natal. Alguns listaram "10 motivos para não se comemorar o Natal", outros fizeram uma busca histórica sobre as origens pagãs dos símbolos natalinos como a árvore, a troca de presentes, Santa Claus, etc.

Outros ainda demonizaram a data por se tratar da data comemorativa do Sol Invictus e do deus Mitra que teria o dia 25 de dezembro como sua data de nascimento. Houve ainda alguns que fizeram menção ao mercantilismo que nós ocidentais construímos em torno do Natal. Em suma, a grande maioria dos anti-Natal fizeram questão de enfatizar que a comemoração é uma paganização do cristianismo.

Penso que estes autores não tinham nada para falar e resolveram matraquear sem reflexão teológica. Lembro-me que nas primeiras disciplinas do curso de Teologia eu sofri com algumas informações á respeito da formação bíblica. Muito do nosso material bíblica é similar e contém, digamos, "ajuda" de outras culturas. Vou ressaltar algumas:

- Enuma Elish: trata-se do mito babilônico que narra a criação do mundo. A similaridade do Enuma Elish com o mito judaico da criação em Gênesis é enorme. No livro do Gênesis, em seis dias o mundo é criado e um dia é o descanso. No Enuma Elish, seis deuses são criados e também há um dia de descanço. Nota-se que a ordem de criação é semelhante começando pela Luz e finalizando com a criação do homem. A deusa Tiamat é comparável ao Oceano no Gênesis, sendo que a palavra hebraica para oceano tem a mesma raiz etimológica que Tiamat. Embora aja discordância entre os estudiosos, a maioria concorda que o relato babilônico, em sua forma escrita, é anterior ao judaico-cristão.

- Elohim: dois são os nomes principais de Deus no Antigo testamento, YHWY (Javé, Jevá, ou Jeová) e Elohim. Elohim, significa literalmente "Deuses". O nome El é muito antigo, tendo origem entre o povo cananeu. Entre os assírios o termo referente para אל é Ilu. É um nome usado antes mesmo da nossa tradição escrita.

Epopeia de Gigalmesh: é um poema mesopotâmio que narra a história do deus-herói Gigalmesh que depois da morte de seu companheiro Enkidu, percorre o mundo para descobrir "o segredo da vida eterna". Ele vai de encontro ao sacerdote Utnapishtim que seria um herói imortal do dilúvio. A narrativa do dilúvio de Utnapishtim é idêntica ao dilúvio de Noé. O poema mesopotâmio é anterior a narrativa bíblica, aproximadamente em 1000 anos.

Código de Hamurabi: é um conjunto de leis antigas que tem seu documento mais antigo encontrado na mesopotâmia. Foi escrito em escrita cuneiforme acádica, com 282 leis em 3600 linhas. Nele encontra-se leis para homens livres, escravos, funcionários do serviço religioso. No Hamurabi, econtramos ainda a famosa Lei de Talião (olho por olho, dente por dente). Por certo serviu de base para muito da legislação da Torah judaica. Tem datação por volta do ano 1700 a.C.

Há diversas similaridades da nossa tradição judaica-cristã com outras culturas. Poderíamos escrever um livro se todas as histórias fossem catalogadas. O que isso quer dizer? Quer dizer que as histórias da Bíblia encontram respaldo nas outras culturas. Tais histórias são conhecidas em todo o mundo e registradas em tradições orais, tradições escritas e no coração daqueles que aguardam a manifestação dos filhos de Deus (Rm 8:19).

Se o povo semita encontrou nas outras culturas detalhes para enriquecer a sua lembrança histórica na tarefa de escrever as Escrituras, devemos nos alegrar com isso e não menosprezar tal hipótese. Voltemos agora para o Natal:

Logo, quem somos nós para dizermos que as assimilações feitas para se comemorar a vinda do Filho de Deus á Terra são anti-cristã?

Se assimilamos de outras culturas atos e artefatos para comemorar a encarnação do Filho de Deus, onde está o problema nisso? Já não o fizemos na construção de nossa Escritura? Talvez as duas únicas coisas que concordo com os reclamantes natalinos é o ímpeto do mercado faminto e a exclusão da pessoa de Jesus e inserção do Santa Claus. No entanto, o problema não é com o Claus e sim conosco, que somos alvo fácil do Ocidente Capitalista.

O que importa é que nesse dia 25 de dezembro, nós cristãos celebramos a vinda do Deus Filho para reparar o que estava errado. É a comemoração de uma parte do plano salvífico de Deus para conosco. Glória a Deus por isso! Aleluia! E se eu ainda não lhe disse,

FELIZ NATAL!

Um comentário:

  1. Muito legal mesmo. Compartilho a sua opinião quanto àqueles que não comemoram o natal e buscam eliminá-lo, por pensarem que por saberem que o natal tem semelhanças com festas pagãs (e porque não origens nestas?) deveria-se ignorá-lo. Devo confessar que este ano me decepcionei com minha igreja não ter se mobilizado para enfeitar a igreja ao estilo natalino, nem tentar expressar o natal também de forma tradicional, no sentido de buscar compreender o motivo da comemoração, etc. Gostei do blog, parabéns.

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