Frases

27 de jan. de 2011

Respeitável público...

(Publicado anteriormente em março de 2010, em FFCosta)

"Herodes ficou muito contente quando viu Jesus, pois tinha ouvido falar a respeito dele e fazia muito tempo que queria vê-lo. Ele desejava ver Jesus fazer algum milagre. Então fez muitas perguntas a Jesus, mas ele não respondeu nada. Os chefes dos sacerdotes e os mestres da Lei se apresentaram e fizeram acusações muito fortes contra Jesus. Herodes e os seus soldados zombaram de Jesus e o trataram com desprezo. Puseram nele uma capa luxuosa e o mandaram de volta para Pilatos. Naquele dia Herodes e Pilatos, que antes eram inimigos, se tornaram amigos."  - Lucas 23.8-12

Jesus fora levado à presença de Herodes Antipas, o tetrarca da Galiléia. Quando Jesus chegou até Herodes, o texto diz que o tetrarca ficou contente com a possibilidade de ver Jesus realizar um milagre. Fazendo perguntas ao Mestre, nada lhe era respondido. E isso frustrou as pretensões de Herodes.

Herodes queria um show de mágicas, queria ver o "sobrenatural" e divertir-se com ele. Queria ver Jesus curar enfermidadesdomar demônios lançando-os aos animais, queria ver aleijados caminhar, fluxos de sangue ser estancadoscegos enxergando, etc. Mas Jesus se recusou fazer algo. Sequer respondeu-lhe.

Após os judeus acusarem a Jesus, restou a Herodes zombar de dEle. Ele dizia ser o Filho de Deus, e nem tão forte quanto Hércules (filho de Zeus) Ele era. O Mestre, talvez, fosse franzino, pois andava muitotrabalhava muitoorava muito e provavelmente dormia comia pouco.

A atitude de Herodes assemelha-se e muito com a de alguns cristãos de nosso tempo. Muito vão as Igrejas em busca do “sobrenatural”, como prova da realidade da espiritualidade. Reuniões onde demônios são domados, e muitas vezes domesticados para que voltem mais vezes e dêem seqüência ao espetáculo, são aceitos pela comunidade de fé.

Pessoas interpretam papéis demonstrando o “seu” poder curando e oferecendo suor para curar pessoas. Muletas e cadeiras de rodas viram troféus destes senhores. São expostos em panfletos que anunciam suas cruzadas de podermilagres e prosperidade. E isso incha as igrejas.

Alguns cristãos de nossos dias procuram a "irmã de revelação” como um não-cristão procura a cartomante. E acham isso normal. O sincretismo é tamanho que passaram a escrever livros ensinando  os nomes e como diagnosticar qual demônio está agindo na vida do cristão, embora as Escrituras digam que aonde brilha a Luz, a escuridão não pode prevalecer (Jo 1.5).

Esses cristãos vivem do espetáculo. Ao descobrirem que na igreja da rua de trás tem um “profeta” ou uma pessoa com dom de cura, mudam de igreja rapidamente, pois como Herodes “querem ver os sinais”. Vivem de momentos de êxtase e são abertos a experiências controversas, onde rolar no chão como animal, engatinhar pela igreja como se estivessem sendo possuídos por feras, dar chicotadas com armas invisíveis em crentes é "coisa do espírito" (me recuso a escrever com "e" maiúsculo). Urge então a dúvida: Deus está sendo glorificado nisso? Creio que não.

Sabe o que acontece quando vamos à Igreja esperando pelo espetáculo? O Cristo se cala. Ele não é animador de palco. Não veio para fazer stand up para nós. A piada somos nós e não temos graça alguma. Contamos apenas com a preciosa Graça vinda do AltoSe formos atrás do espetáculo seremos enganados por homens, que talvez tenham sido enganados também ou apenas tenham o caráter deturpado (aconselho o filme "Fé Demais Não Cheira Bem" - (Leap of Faith), com Steve Martin).

Do mesmo modo que nenhum dos acusadores pôde achar em Jesus culpa alguma, esse grupo de cristãos não poderá fazê-lo a Jesus, acusando-O por não ter ido ao show que eles compraram ingresso. Não poderão acusá-lO por não compactuar com esse show de horrores que fizeram da Igreja dEle.

E no final restará a esse grupo fazer amizade com o inimigo de Jesus. Serão como Herodes e Pilatos: omissos e inimigos de Deus.

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