"Deus colocou a eternidade no coração do homem" (Ec 3:11);
"...e essa pedra era Cristo" (1Co 10:4).
"...e essa pedra era Cristo" (1Co 10:4).
Ao contemplarmos os grandiosos monumentos megalíticos dos primeiros agricultores da Europa ocidental, não podemos deixar de recordar um certo mito indonésio: no começo, quado o Céu estava muito próximo da Terra, Deus compensava o casal primordial com presentes suspensos à extremidade de uma corda. Um dia, enviou-lhes uma pedra, mas os nossos ancestrais, surpreendidos e indignados, a recusaram. Depois de algum tempo, Deus desceu novamente a corda; desta vez, com uma banana, que foi prontamente aceita. Então se fez ouvir a voz do Criador: "Já que escolhestes a banana, vossa vida será como a vida desse fruto. Se tivésseis escolhido a pedra, ela teria sido como a existência da pedra, imutável e imortal."
[...]
Os mortos retornam ao seio da terra-mãe, na esperança de participar da sorte das sementes; mas eles são além disso, misticamente associados aos blocos de pedra, e, por conseguinte, tornam-se poderosos e indestrutíveis como os rochedos.
[...]
É muito provável que essas pedras constituíssem uma espécie de "substitutos do corpo", aos quais se incorporavam as almas dos mortos. Afinal, um "substituto" de pedra era um corpo construído para a eternidade.
[...]
"Cumpre também não esquecer o sentido sexual dos menires, pois é universalmente atestado, e em níveis de cultura distintos. Jeremias (2:27) evoca aqueles "que dizem à madeiras: 'Tu és o meu pai!' e à pedra: 'Tu me geraste!'" (Entretanto, até um tratado vigorosamente javista como o Deuteronômio ainda utiliza a metáfora ontológica da pedra, ao proclamar a realidade absoluta de Deus como fonte única de criatividade "Desprezes a Rocha que te deu à luz, esqueces Deus que te gerou!" (32:18).
Extraído de: ELIADE, Mircea. História das Crenças e das Ideias Religiosas - Vol. I: Da Idade da Pedra aos Mistérios de Elêusis. Rio de Janeiro, Zahar, 2010, p.120-122.
Nenhum comentário:
Postar um comentário