Por que me sinto assim, com saudades de um lugar o qual nunca fui e tão pouco sei onde é? De onde vem essa saudade inexplicável e que se mistura com sentimentos racionais e de pouca razão? Ó Senhor, o que é isso que enraizado em minha pele transpira a falta do que nunca tive desde meu primeiro choro?
Por que, diga-me ó Deus, por que meu umbigo coça uma coceira gostosa reclamando pelo cordão de minha mãe, que por sua vez, coça pelo de cordão de minha avó? Por que meus ouvidos levam lágrimas aos meus olhos quando sou invadido por um som que toca minha alma? Ou quando uma história me enche de esperança, sinto que estamos indo em direção ao saudoso Desconhecido? Explica-me por que a inocência das crianças faz-nos sorrir?
Ás vezes a saudade aperta tanto que choro sozinho, calado, um tanto amuado e com o coração apertadinho. Já tentei matar essa saudade no colo de mulher, no embebedar, no êxtase religioso, mas minh'alma continua insaciada. Responda-me, eu te peço, meu Criador. Não me deixe á deriva neste mar presenças e ausências. Sou apenas um barquinho á vela numa tarde de domingo sem vento.
Diga-me, eu insisto, de onde vem esses rastros impregnados em toda a sua criação e que dela vemos, ouvimos e somos tocados? Diga-me ó Cancioneiro se é você à tocar esta canção em meio a tantos que cantam? Foi você? Ah, Senhor... Deixou pedacinhos de pão jogados pelo caminho para que pudéssemos achar o caminho de volta para casa. Sim, eu sei que você deixou... Como me alegrarei quando meu espírito retornar para Aquele quem o soprou no primeiro de nós! Quantas saudades sinto deste futuro que nos aguarda!
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