Esta semana você que faz parte de uma rede social irá receber informações e atualizações de várias pessoas sobre a Reforma Protestante - o que já é algo comum nas redes. O que de fato me leva a escrever sobre este evento que na próxima quarta, dia 31, irá comemorar seu 495º aniversário, é que percebo que em muitas igrejas evangélicas, a Reforma está sepultada juntamente com seus reformadores.
O ideal de "Igreja Reformada e sempre se Reformando" é hoje apenas uma frase que cunharam nas lápides dos falecidos reformadores. A igreja brasileira está engessada teologicamente e aos poucos vai reconstruindo um cenário semelhante ao da Idade das Trevas. Basta ligar a TV para constatar isso.
Existem dois extremos na igreja brasileira: de um lado estão os "ateológicos", que criticam todo movimento que propõe uma releitura da Bíblia em busca de uma atualização da práxis da Fé, e são os que mais flexionam a Bíblia para respaldar o que querem propagar aos fiéis. Por outro lado estão os "pseudo-teológicos", que criticam os do grupo anterior, se acham os donos da doutrina perfeita, mantenedores da sã ortodoxia, etc. Em ambos os casos o engessamento é o mesmo.
O movimento dos reformadores do século XVI lutou para evitar que a teologia estivesse restrita ao controle de poucos, e por conseguinte, engessada na "tradição". A tradição andava lado á lado com as Escrituras e muitas vezes tinha voz mais alta do que ela. No entanto, a tradição nada mais era do que um apanhado de reflexões sobre a Bíblia. Com o romper da Reformar o caminho a heterodoxia estava sinalizado.
Não é o afastamento das necessárias reflexões contínuas que irá me apontar o que a Bíblia diz hoje para meu contexto do século XXI. E tão pouco a reflexão das Escrituras feita por Calvino, Lutero e qualquer outro reformador que irá me fazer com que a Bíblia faça sentido para mim e os meus ouvintes. Antes, "reformar é preciso, engessar não".
O gosto do pão que oferecem os que se dizem "reformados", tem gosto de poeira e mofo. E o oferecido pelos ateológicos não tem gosto de nada e não sustenta. Um não faz sentido para o meu contexto e meus problemas. O outro não alimenta e tão pouco tem sabor. Ambos fingem que alimentam e os ouvintes sorriem amareladamente como se isso realmente matasse a fome. E a Igreja, com "i" maiúsculo, caminha esquizofrênica e tropeçando em alfinetes.
O que a Reforma diz para mim, cristão do ano 2012, é que eu não posso me dar ao luxo de pensar que a Bíblia já foi completamente revelada. Que a Palavra é completamente conhecida. Que Deus já é completamente conhecido. Que ainda falta muito, para que nas muitas reformas da vida, possamos enfim, ser "conhecer como somos conhecidos" (1 Co 13:12). O sentido da Reforma, tira os meus olhos dos poderosos religiosos e me mostra os que estão carentes de uma Palavra que lhes faça sentido. E assim, sigo em frente "sempre reformando".
Nenhum comentário:
Postar um comentário