Frases

'Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.' Paulo Freire

29 de out. de 2012

Uma Reforma abandonada


Esta semana você que faz parte de uma rede social irá receber informações e atualizações de várias pessoas sobre a Reforma Protestante - o que já é algo comum nas redes. O que de fato me leva a escrever sobre este evento que na próxima quarta, dia 31, irá comemorar seu 495º aniversário, é que percebo que em muitas igrejas evangélicas, a Reforma está sepultada juntamente com seus reformadores.

O ideal de "Igreja Reformada e sempre se Reformando" é hoje apenas uma frase que cunharam nas lápides dos falecidos reformadores. A igreja brasileira está engessada teologicamente e aos poucos vai reconstruindo um cenário semelhante ao da Idade das Trevas. Basta ligar a TV para constatar isso.

Existem dois extremos na igreja brasileira: de um lado estão os "ateológicos", que criticam todo movimento que propõe uma releitura da Bíblia em busca de uma atualização da práxis da Fé, e são os que mais flexionam a Bíblia para respaldar o que querem propagar aos fiéis. Por outro lado estão os "pseudo-teológicos", que criticam os do grupo anterior, se acham os donos da doutrina perfeita, mantenedores da sã ortodoxia, etc. Em ambos os casos o engessamento é o mesmo.

O movimento dos reformadores do século XVI lutou para evitar que a teologia estivesse restrita ao controle de poucos, e por conseguinte, engessada na "tradição". A tradição andava lado á lado com as Escrituras e muitas vezes tinha voz mais alta do que ela. No entanto, a tradição nada mais era do que um apanhado de reflexões sobre a Bíblia. Com o romper da Reformar o caminho a heterodoxia estava sinalizado.

Não é o afastamento das necessárias reflexões contínuas que irá me apontar o que a Bíblia diz hoje para meu contexto do século XXI. E tão pouco a reflexão das Escrituras feita por Calvino, Lutero e qualquer outro reformador que irá me fazer com que a Bíblia faça sentido para mim e os meus ouvintes. Antes, "reformar é preciso, engessar não".

O gosto do pão que oferecem os que se dizem "reformados", tem gosto de poeira e mofo. E o oferecido pelos ateológicos não tem gosto de nada e não sustenta. Um não faz sentido para o meu contexto e meus problemas. O outro não alimenta e tão pouco tem sabor. Ambos fingem que alimentam e os ouvintes sorriem amareladamente como se isso realmente matasse a fome. E a Igreja, com "i" maiúsculo, caminha esquizofrênica e tropeçando em alfinetes.

O que a Reforma diz para mim, cristão do ano 2012, é que eu não posso me dar ao luxo de pensar que a Bíblia já foi completamente revelada. Que a Palavra é completamente conhecida. Que Deus já é completamente conhecido. Que ainda falta muito, para que nas muitas reformas da vida, possamos enfim, ser "conhecer como somos conhecidos" (1 Co 13:12). O sentido da Reforma, tira os meus olhos dos poderosos religiosos e me mostra os que estão carentes de uma Palavra que lhes faça sentido. E assim, sigo em frente "sempre reformando".

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