Tinha ele sob a mira. Embora só tivesse atirado em latas, até então, estava convicto de que não erraria. Havia seguido as instruções de seu avô e encostado bem o rifle no peito para que não sofresse um "coice" quando atirasse.
Ao seu lado estava seu velho avô, homem do campo, de cabelos brancos e muitas rugas que marcavam os longos anos como ovinocultor. Seu avô não fazia barulho algum. Já havia lhe dito como havia de proceder ficando contra o vento para que o lobo não sentisse o cheiro do perigo e, assim, fugisse. Estava tudo certo, só faltava dar o tiro no animal.
Olhava para o grande animal deitado na grama, que tinha um belíssimo pelo, que ao vento se agitava. O animal banhava-se com o sol matutino enquanto tirava seus próprios carrapatos. Achava aquilo um tanto que nojento, mas em alguns segundos já não importaria mais.
A mira de seu rifle era de longo alcance e por isso tinha uma visão privilegiada. Esperou pelo momento certo onde poderia dar um tiro fatal. Os segundos de espera o fazia suar frio. A barriga remexia o desjejum. Quando inesperadamente animal que brincava de morder o vento, olhou na direção em que eles estavam. "Será que ele nos viu? A esta distância?".
O lobo ergueu-se e agora, com as orelhas em pé, olhava em sua direção fixamente. "Este é o momento!". Suas aulas com seu avô nas latinhas vieram á sua mente. Lembrou-se dos primeiros tiros, dos momentos em que não segurou com firmeza o rifle e acabou errando por muito, mas estava decidido que desta vez isso não aconteceria. Encostou o dedo da mão esquerda no gatilho, pois era canhoto, e observou que dois pequenos lobos se ajuntaram ao grande lobo e hesitou. Decido que naquela manhã não se ouviria barulho de tiro, concluiu: "É só um lobo com seus filhotes".
O lobo passou a olhar em direção ás suas crias e foi caminhando lentamente com elas para longe dali. Soltou o rifle e olhou para seu avô que entristecido ajeitava em seu cavalo, preparando o retorno para a fazenda. Durante a volta para casa, seu avô não disse uma única palavra. "Está triste comigo.". E foi acompanhando seu avô á distância de cinco cavalos.
Assim que chegaram à fazenda olhou para seu avô que descia de seu cavalo e viu que ele estivera chorando. Seus olhos estavam vermelhos e sua expressão era fúnebre. Não disse palavra alguma quando o neto tentou lhe perguntar se o motivo do choro era ele por não ter matado o lobo. Apenas levantou a mão calejada, como se dissesse que não queria falar. Entraram na casa e seu avô trancou-se o dia inteiro no quarto. Não comeu, nem se banhou e tão pouco falou com alguém. Ao neto restou esperar a tristeza de avô passar para lhe pedir perdão. Então anoiteceu.
Assim que chegaram à fazenda olhou para seu avô que descia de seu cavalo e viu que ele estivera chorando. Seus olhos estavam vermelhos e sua expressão era fúnebre. Não disse palavra alguma quando o neto tentou lhe perguntar se o motivo do choro era ele por não ter matado o lobo. Apenas levantou a mão calejada, como se dissesse que não queria falar. Entraram na casa e seu avô trancou-se o dia inteiro no quarto. Não comeu, nem se banhou e tão pouco falou com alguém. Ao neto restou esperar a tristeza de avô passar para lhe pedir perdão. Então anoiteceu.
BANG!" - quebrou-se o silêncio da madrugada. Acordou-se o neto assustado com o barulho do tiro. "Veio do curral das ovelhas!" Desceu as escadas correndo com seu rifle nas mãos e foi até o curral. Quando chegou lá viu caído ao chão o lobo que no dia anterior não havia matado. O rifle de seu avô estava caído ao chão. Seu avô esta estava chorando copiosamente e com a mesma expressão fúnebre do dia anterior, enquanto ajoelhado, abraçava uma ovelha que havia sido morta pelo lobo.
Naquele momento o menino aprendeu da forma mais dura o possível, que "quando o pastor poupa os lobos, são as ovelhas quem pagam o preço"¹.
¹ Ouvi essa frase do amigo Enéas Alixandrino.
Naquele momento o menino aprendeu da forma mais dura o possível, que "quando o pastor poupa os lobos, são as ovelhas quem pagam o preço"¹.
¹ Ouvi essa frase do amigo Enéas Alixandrino.
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