Desde os primórdios do mundo o homem está buscando respostas para compreender sua origem, narrar sua história e explicar o mundo onde habita. Muitas destas explicações deram origem aos mitos.
A palavra mito origina-se do grego mythos, que deriva dos verbos mytheyo (narrar, contar algo para outros) e mytheo (nomear, conversar). Segundo os gregos, mito é um discurso proferido por alguém confiável que possui autoridade, e por isso deve ser incontestável e inquestionável, pois aqueles que ouvem jamais podem duvidar daquele que discursa.
De acordo com Mircea Eliade, compreender o mito é conhecer os fenômenos humanos, culturais e entender as transformações sofridas pelo mundo, pelo homem e por tudo que os cerca, até chegarem no que constituem hoje. Porém, muitos consideram o mito como explicações sobrenaturais ou instintivas para os acontecimentos culturais e da natureza.
O povo de Deus também buscou explicar o mundo que o cercava de maneira mitológica. Ao olharem para a coluna de fogo diziam que era o Senhor. Ao sentirem a força impetuosa do vento (o ruah) diziam que era o Espírito do Senhor. A própria arca da aliança era a presença do Senhor em meio ao povo. O mar era um opositor das coisas boas, um opositor do estado de Shalom devido a sua constante inquietação foi atribuído ao monstro marinho Leviatã.
Mais a frente o povo ao deixar de ser uma comunidade de pecuaristas e passar a ser uma comunidade agrícola na terra dos cananeus, passa a adorar Baal, que era a entidade conhecida por fazer a chuva cair, era o deus da fertilidade. Baal que ficava a maior parte do tempo dormindo, era despertado seu sono através de rituais sexuais de seus adoradores que o faziam subir até as nuvens e se encontrar com Astarote, e após a cópula entres os deuses, o sêmen de Baal caia e regava a terra para que as plantas germinassem e dessem frutos.
Após a divisão do reino em Israel e Judá, o rei Jeroboão fez dois bezerros de ouro e colocou um na divisa ao norte e outro na divisa com Judá, para que o povo não fosse á Jerusalém e ali adorasse e ofertasse ao Senhor. O rei diz ao povo "olhem aqui os seus deuses, ó Israel, que lhe fizeram subir da terra do Egito" (1 Reis 12:28). O rei temia que o povo escolhesse Roboão como rei ao invés de si, e é claro, temia que depositassem suas generosas ofertas em outro lugar.
Não é incomum nos dias de hoje confundirmos uma característica de Deus como se isso fosse a própria pessoa de Deus. Exalta-se os atributos de Deus de tal maneira de forma idólatra. Nossos cânticos de maior prestígio falam do que Deus faz e não quem Deus é. Deus não é salvador. Salvação é algo que Ele faz em nós. Deus não é galardoador. Premiar é algo que Ele faz a nós. Deus não é provedor. Prover é algo que Ele faz a nós. Até mesmo a Bíblia é idolatrada. Algumas pessoas colocam a Bíblia em paridade com o próprio Deus.
A própria palavra "deus" é limitadora ao que Deus é. "Deus está além de Deus”, disse Paul Tillich. E ainda "Deus está 'além das coisas que pertencem ao ser finito... Todas as coisas finitas existem. Mas Deus simplesmente é'.". Em alguns discursos filosóficos, cogita-se que "Deus não existe", pois a existência pede uma pré-existência, além de por si só "existir" é uma ideia limitadora para o Deus que é ilimitado.
O "nome" era algo de suma importância para os povos antigos. Ele dizia sobre as características que o recém-nascido tinha, ou sobre o contexto o qual ele viera ao mundo ou ainda uma petição de bênção de Deus. Ao ser perguntado por Moisés sobre qual nome deveria ser chamado, Deus simplesmente responde YHWH. Traduzido em nossa língua como "Eu Sou o que Sou", pode também ser traduzido como "Eu Sou Tudo Aquilo que você precisa".
Sim, Ele é aquele que fornece a coluna de fogo no deserto; que faz brotar água da rocha; que entra na fornalha com seus valentes seguidores; que enfrenta o gigante com o pequeno Davi; que forneceu "trigo, o vinho e o óleo" enquanto o povo pensava que era Baal quem dava; que dá vitória a Ciro para que o povo regresse á terra; é quem promete e cumpre a promessa do Messias, Ele é o Messias! "Jesus é a face humana de Deus", Karl Rahner. Bem disse Ricardo Gondim, "Deus não será diferente a partir do entendimento que os humanos têm dele, mas as pessoas serão".
Quando te perguntarem "quem Deus é", não responda pelo o que Ele faz, e sim por quem Ele é:
...Deus é amor; e quem está em amor está em Deus, e Deus nele. (1 João 4:16)
História antiga é muito bom. Esclarerece muita coisa. Já deu olhada em Gilgamesh ou leu alguma coisinha da teogonia. é Muito legal. Muito bom Mircea Eliade.
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