Postei ontem o vídeo da educadora Amanda Gurgel, e o Josué Flausino perguntou:
Achei que a pergunta merecia uma resposta mais ampla, por isso criei uma postagem. Vamos lá! O que faz da reclamante Amanda Gurgel uma profetisa?
Primeiramente, deve-se postular o significado do termo para compreensão do profetismo. Segundo Fohrer,
a intenção dos profetas não era predizer o futuro distante, mas exercer influência e moldar a sua época presente. Foi por isso que eles censuraram a impiedade, advertiram com ameaça de destruição iminente e chamaram os homens a uma nova vida sob favor de Deus. O tema da mensagem dos profetas era a possível libertação do homem, a despeito da culpa que o sujeitava à morte. (FOHRER, 1982, p.334)
Por “mensagem profética”, pode-se entender como a vontade de Deus anunciada por meio de homens os quais ele escolheu. Mensagem esta, que muitas vezes era direcionada ao povo em forma de denúncia. Robinson Cavalcanti afirma que a voz profética é “a defesa da vida e a denúncia dos sistemas de opressão” (CAVALCANTI, 2000, p. 18).
Seguindo a mesma linha de raciocínio, Geraldo Dias pontua:
Daí os apelos e a crítica que os profetas fazem aos governantes, reis e juízes, quando eles se afastam da dita lei. Por outro lado, não deixam de ser incisivas as denúncias de injustiça social, as censuras aos ricos e à senhoras burguesas que esquecendo a miséria dos pobres e dos fracos, viviam escandalosamente na abundância e no desprezo do seu semelhante. (DIAS, 2006, p. 67)
Os teólogos supracitados compreendem que "profeta" é aquele que está situado no presente olhando para o passado e temendo o futuro. Embora geralmente as pessoas associem os profetas apenas a visões do futuro, quase um vidente (que também era uma das funções destes), e atos miraculosos como o ato de Elias no Monte Carmelo, Eliseu no Vale de Ossos Secos, etc., a denúncia era a função mais exercida pelos profetas bíblicos.
Josué, com isso posso afirmar que a educadora Gurgel é uma profetisa de nossos tempos. Assim como muitos não-cristãos que falam do abandono do Estado aos mais carentes, às necessidades básicas para sobrevivência, à saúde, etc. Sim, ela é uma profetisa.
CAVALCANTI, Robinson. A igreja, o país e o mundo: desafios a uma fé engajada. Minas Gerais: Viçosa, Ultimato, 2000.
DIAS, Geraldo J.A. Coelho. As religiões da nossa vizinhança: História, crenças e espiritualidade. Portugal: Porto, FLUP, 2006.
FOHRER, Georg. História da religião de Israel. São Paulo: Santo André, Academia Cristã, 2006.
MUITO BOM ! \o/
ResponderExcluirtinha um outro conceito a respeito de "profetas" (errado).
Muito obrigado.
Agora,vi que a repercussão está sendo grande, e com razão! O discurso dela é muito eloquente e condiz com a realidade da educação em todo o país. Contudo, sempre tivemos muitas pessoas que articulam bem as palavras e formulam uma fala coerente assim como essa professora, mas isso não quer dizer que o quadro apreciado se altere ou tenha perspectivas de ser alterado. EU, SINCERAMENTE, gostaria que houvesse uma luz no fim do túnel.
Josué, como diria Paulo Brabo: "Há uma CRUZ no fim do túnel."
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