Frases

26 de ago. de 2011

O indelével déjà vu da Igreja


A História/Tempo é cíclica ou linear? Bom, os gregos compreendiam que o vida era cíclica. E desse modo buscavam explicar a vida. As estações do ano, por exemplo, demonstravam como os deuses regiam o clima, como podemos ver no mito de Deméter que teve sua filha Perséfone raptada e desposada por Hades. O cristianismo por sua vez explica a vida de modo linear: Deus cria o mundo - Deus encarna-se no mundo - Deus põe um fim na história do mundo.

No entanto, como cristãos podemos observar alguns fatos se repetindo ao longo do tempo como guerras, golpes, acordos e desacordos diplomáticos e religiosos, entre outros. Creio que a história é linear e apresenta características cíclicas. É algo como um espiral cônica onde as repetições estão cada vez mais constantes pois a história está se afunilando para um centro, ou um fim. Mas isso é apenas meu pitaco no assunto, e certamente não posso comprovar isso empiricamente.

Levando minha (será que é minha? rs) hipótese adiante observo a Igreja como um organismo vivo sujeito as mesmas implicações dos demais movimentos do mundo, uma vez que ela está dentro dele. Vejo por exemplo a Igreja repetindo os mesmos erros cometidos anteriormente. Entristecido vejo que estamos reinserindo o caráter medieval nas assembleias e discursos.

Há poucos meses fui a um culto uma reunião onde o líder sem fazer utilização da Bíblia citou algumas frases que afirmava conter nas Escrituras, mas na minha não encontrei. Era algo como "Jesus ensinou a determinar, e não a pedir". Após fazer orações de adoração, mandou-nos ficar de pé e fechar os olhos. Em seguida pessoas passando nos corredores exorcizavam as pessoas. E gente que a poucos instantes oravam com olhos cheios de lágrimas clamando a Deus, agora caíam "possuídas" por espíritos malignos. O Diabo é utilizado da mesma forma como foi na Idade Medieval: como uma "arma" para amedrontar as pessoas e em caso de suspeita de "possessão", pessoas passam por torturas psicológicas e físicas.


No quesito dinheiro somos ainda piores do que nossos errantes antepassados religiosos. Muitos religiosos fazem alusão a passagens bíblicas isoladas de seu contexto para colocar o rebanho de Cristo contra a parede. Todo aquele que não dizima está "roubando ao Senhor". O dízimo perdeu seu caráter bíblico (Dt 14:27) e foi transformado como instrumento de barganha com Deus para "receber cem vezes mais". Passagens (como 2 Co 9) passaram a ser mal interpretadas, intencionalmente ou não. Se na Idade Média a intenção do pontífice era construir a Basílica de São Pedro, o interesse de nossos líderes são erguer "ministérios" reconhecidos nacional quiçá internacionalmente. Perdeu-se o caráter de compartilhamento e festa o qual o dízimo neo-testamentário possui.



O sacerdócio universal de todos os crentes (1 Pe 2), que estava na pauta da famosa "95 Teses de Lutero", foi jogado novamente no lixo. Voltamos a mediocridade da dependência de novos papas. A oração feita no silêncio do quarto (Mt 6) perdeu seu valor para a oração feita pelo "ungido" líder espiritual. A necessidade de ter algum representante de Deus, um novo intermediador, fatalmente têm criado uma geração de crentes definhados espiritualmente, tal qual uma criança a qual não é ensinada a andar e atrofia os músculos.



Lutero e outros reformadores lutavam para que as Escrituras fosse colocada acima do Dogma, que na Igreja Medieval andava lado a lado. Repetindo a história foi reinserido "algo" para andar em pé de igualdade com a Bíblia: "a revelação do Espírito". Por mais de uma vez presenciei pastores locutores afirmarem que o que estavam ensinando não estava na Bíblia, mas que "o Espírito havia revelado". Creio o que Deus tem nos dizer a seu respeito já está na Bíblia. Qualquer "nova revelação", creio, seria para uso exclusivo do ouvinte, e não a todos, pois se fosse a todos estaria na Bíblia e não em revelações isoladas. Micro revelações, são até aceitáveis, macros não creio... A Bíblia volta a ter um concorrente de peso, uma vez que é um concorrente respaldado por exegeses de fundo de quintal.

Posso estar muito equivocado em minha hipotética opinião á cerca da história cíclica-cônica. Mas é fato que estão reinserindo a mentalidade Medieval na Igreja de Cristo. Já existem neo-pré-reformadores. Existem ainda aqueles que já criticam a intenção destes e apontam novos caminhos como solução para esta nova Idade das Trevas.

Desejo que cada um de nós faça um revisão de sua vida. Que reveja seus conceitos bíblicos e se for preciso, leia a Bíblia novamente buscando o Cristo, desde Bereshit (no princípio) até Pantōs (todos juntos), orando para que não repitamos os mesmos erros.

Um comentário:

  1. "Quem ora é ora Marco Feliciano"...

    Que o senhor o repreenda!

    Me impressiona como os cristão de hoje condenam tanto o homossexual, o alcoolatra, o adultero, mas praticam com a maior satisfação o pecado original do orgulho. Colam-no na testa, de forma absolutamente impenitente.

    Fico muito chateado. Essas coisas são muito ruins para pessoas que estão em início de conversão. Ver essas coisas facilita o trabalho dos diabos em afastar de Deus.

    esses videos me lembraram de uma frase de Edward Schillebeeckx, teólogo belga:

    "É preferível não reconhecer a Deus, não acreditar na vida eterna do que acreditar num Deus que em nome da outra vida despreza, oprime e humilha o ser humano nesta vida".

    saúde e paz

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